sexta-feira, 8 de junho de 2007

Volume I

BEM OU MAL

É tão difícil seguir o mal
E tão simples seguir o bem!
Desculpe, não percebi tal
Questão, Será algo do Além?

Se calhar é, direi eu ou tu?
Do Além ainda não tive sinais
Embora não seja completamente crú.
Será que só penso nas finais?

Tu estás mal e eu estou satisfeito,
Não bem, isto é, com muito respeito
Penso em ti e quero perceber,

Porque não entendo o resto
Daquilo, de que não presto.
Bem, ainda acredito no amanhecer.

Estoril, 15 de Agosto de 2004

Francisco da Renda


BODAS DE PRATA

Foi há vinte e cinco anos, era Carnaval,
Conheci a mais linda e perfeita flor
Fiquei agarrado e dei-lhe o meu amor,
Assim a mereça nesta vida infernal.

São momentos de prazer, ao teu lado
E a tua ausência só estimula
Este amor que não está equivocado
E que no Èter não se esfuma.

Acompanhaste-me na tormenta e na penúria
Deste-me a mão quando tropecei
Sorriste quando me esvaziei.

Despojaste-me da luxúria
Com o teu acerto, a tua amizade
E a tua simplicidade.

Estoril, 14 de Fevereiro de 2005

Francisco da Renda


CACIMBO

Atravessando o teu manto espesso
Tanta vida virada do avesso,
Homens e mulheres tão mal amados
Que se tornavam cacimbados.

Dias seguidos a cair brutalmente
Até os cafeeiros se ressentiam,
Não deixavas nada indiferente
Até os ossos nos doíam.

Tinhas a cor da tristeza melancólica
O cheiro húmido e doloroso
E uma existência diabólica.

Mas dava vida aquele solo, felizmente
Nem tudo é só mau e pavoroso,
O que parece não é, curiosamente.

Estoril, 8 de Fevereiro de 2005

Francisco da Renda

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