segunda-feira, 25 de junho de 2007

Volume I

CAMPEÕES

Palavra sagrada tão perseguida e envolvente,
Todos o querem ser! Está fixado na mente.
Utiliza-se o que se tem e o que se não tem
Para um dia se comemorar no além.

Uns fazem por isso e trabalham no duro,
Treinam muito e fazem um esforço suplementar
E esgotam as suas capacidades até ao limiar,
Quase que atingem um momento puro.

Esta fixação de querermos ser Campeões
É curiosa, pois aplica-se em todas as situações:
No desporto, na vida e na doença.

Este crer ser melhor do que somos
Faz-nos ultrapassar tudo o que fomos,
Ficamos frágeis (à mesma), mas com confiança.

Estoril, 19 de Junho de 2004

Francisco da Renda



“CANTATA”
(ao Pai da Humanidade)

Quando a Anatomia permite, sai a voz!
Mas o Cérebro tem que estar p’raí virado,
Pois se Ele entra em conflito com a Anatomia,
Que desgraça, sai uma “Cantata” e pobre de nós
Ficamos piores que os que passaram por um Tornado:
Tortos, revoltados, maus e a dizer: viva a bigamia.

Mas depois vem a acalmia e o sossêgo
E indagamos: Vou entrar em conflito,
Ou vou procurar o aconchêgo?
Sinceramente, estou quase a dar um grito,

De satisfação, de alegria ou de maldade
(Esta Alma não me deixa em Paz, bolas)?
Bem, voltemos à realidade,
Pois uma “Cantata” depende das molas
Que permitem atingir o “Pai da Humanidade”.

A voz teria que ser elaborada
Ao ponto de entender o patamar
Que julgamos ter acesso, sem o merecermos.
Devido à pequenez e sem nos envolvermos
Damos outros significados, alguns de arrasar,
À nossa voz que fica destroçada.

Perante tão grande tarefa (será?)
É fácil projectarmos no infinito (ou em alguém)
As dúvidas e as incertezas do além
Que apesar de tudo, não tem nome e nunca o terá.

Cantata ao Pai da Humanidade
É a minha pequena manifestação,
Ao canto e à solidariedade
Dos que são bons e pensam com o coração.

Estoril, 24 de Setembro de 2004

Francisco da Renda


CASCAIS

Terra que me acolheu. Aqui decidi viver,
Casar e onde minhas filhas viram a luz
Pela primeira vez. Tem à sua volta um capuz
De encanto, de magia, de engano e de lazer.

O recorte da sua costa, a laboriosa baía,
A fortaleza sobre o mar, qual sentinela,
Presenciando e testemunhando uma janela
Para esse tremendo mar que quase a traía.

Pescadores, Realeza e “patos-bravos”
Todos juntos e em falsa comunhão
Para entender os momentos amargos.

D. Pedro venerou-te tanto ou mais que nós,
Faz-nos o mesmo e com a tua emoção
Ensina-nos a devorar o tempo, como as mós.

Estoril, 30 de Janeiro de 2005

Francisco da Renda

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Volume I

BEM OU MAL

É tão difícil seguir o mal
E tão simples seguir o bem!
Desculpe, não percebi tal
Questão, Será algo do Além?

Se calhar é, direi eu ou tu?
Do Além ainda não tive sinais
Embora não seja completamente crú.
Será que só penso nas finais?

Tu estás mal e eu estou satisfeito,
Não bem, isto é, com muito respeito
Penso em ti e quero perceber,

Porque não entendo o resto
Daquilo, de que não presto.
Bem, ainda acredito no amanhecer.

Estoril, 15 de Agosto de 2004

Francisco da Renda


BODAS DE PRATA

Foi há vinte e cinco anos, era Carnaval,
Conheci a mais linda e perfeita flor
Fiquei agarrado e dei-lhe o meu amor,
Assim a mereça nesta vida infernal.

São momentos de prazer, ao teu lado
E a tua ausência só estimula
Este amor que não está equivocado
E que no Èter não se esfuma.

Acompanhaste-me na tormenta e na penúria
Deste-me a mão quando tropecei
Sorriste quando me esvaziei.

Despojaste-me da luxúria
Com o teu acerto, a tua amizade
E a tua simplicidade.

Estoril, 14 de Fevereiro de 2005

Francisco da Renda


CACIMBO

Atravessando o teu manto espesso
Tanta vida virada do avesso,
Homens e mulheres tão mal amados
Que se tornavam cacimbados.

Dias seguidos a cair brutalmente
Até os cafeeiros se ressentiam,
Não deixavas nada indiferente
Até os ossos nos doíam.

Tinhas a cor da tristeza melancólica
O cheiro húmido e doloroso
E uma existência diabólica.

Mas dava vida aquele solo, felizmente
Nem tudo é só mau e pavoroso,
O que parece não é, curiosamente.

Estoril, 8 de Fevereiro de 2005

Francisco da Renda

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Vplume I

BALADA DA BRIOSA

Pensar no passado, é óptimo
Pensar no futuro, é extraordinário
Desde que, não seja antónimo
Do mundo, que é ordinário.

Falar e sonhar com o passado
É um elixir para a memória,
Viver com o presente, é uma “estória”
Que tem muito de complicado.

A grande “Briosa”
Tem enorme valor
Muito além do futebol,
Foi uma escola graciosa
De pessoas com sabor,
Como o Alves Redol.

A AAC, não é um clube,
É simplesmente uma maneira
De sabermos o que é rude,
Sem passar pela peneira.

P’ra frente Académica
O teu passado foi enorme,
A juventude é feérica
E está sempre conforme.

Para muitos, és um Padrão
De Exemplo e Contradição.
Coimbra, não é uma facção,
É simplesmente, uma adoração.


Estoril, 1 de Abril de 2004

Francisco da Renda


BATOTA


Batota, no que vejo e analizo,
Ainda por cima, não é p’ra meu regozijo.
É o homem que engana a mulher ou a inversa
É o outono que pareçe a primavera e vice-versa.

É a mulher que quer ser homem
É o homem que quer ser mulher
São os filhos que querem mandar nos Pais.
Enfim, para que tomem
E provem, com uma colher
Tantos dislates que tais.

É o sol que brilha perto, mas está longe,
É Deus grandioso e omnipresente
Que no entanto, consente
Que um único monge
Seja Rei, Senhor e tratante
Nesta terra angustiante.

É o urso polar que se esconde no gelo
Para caçar as suas presas
E para não ser caçado, pois é ouro o seu pelo.
Que pena já não haver surpresas.

É o professor que engana o aluno,
São estes que fazem o mesmo
Ambos não querem, mas há aqui gatuno.
É o ar contaminado que tanto temo
É a água do mar que engana Neptuno,
Ah! Batota que vais a esmo.

O que é feito
Da pureza
Da singeleza
Da verdade, que trago no meu peito?

Batota
Que estás aqui e no Além,
Prefiro a “Catota”
(A minha querida galinhola do mato),
Porque essa de facto
Não enganava ninguém.

Sra da Rocha, 4 de Setembro de 2003


Francisco da Renda


BATUQUE

Tam, Tam, tum, tum...
Pela noite fora,
P’ros Brancos, era só zum, zum...
No Kimbo era a festa, agora

Por qualquer motivo,
Era óbito, era nascimento,
Não havia crivo
Nem sequer entendimento.

P’ros “canucos”
Era só alegria
Com o ritimo de malucos
Que se tocava com mestria.

Ainda hoje me lembro
De meu pai perguntar?
Será que és um membro
Desconhecido, que os faz “batucar”?

Fiquei a pensar,
Eu (que não sei quem são),
Estarei a sonhar,
Ou vou dar a minha mão?

Olhava para o firmamento
A ouvir aqueles sons,
Tantos pensamentos
De acordo com os tons.

Inteligente forma
De se expressarem,
Apesar de não haver norma.
Que bom, eles falarem.

Estoril, 30 de Julho de 2003

Francisco da Renda