quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Volume I

A MINHA VIDA

Parafraseando “Felisteu”, a Vida
...É de infinito a infinito...
Para mim, que não conheço
O que está para além de nós,
É simplesmente estar cá
Com aqueles que nos amam
E nos perdoam sermos assim.
Quando me perguntam
Se estou bem? Respondo: basta acordar.
Limitações, dirão uns
Certezas, digo eu.
Nesta roupa que me deram
Tentei adaptar-me
Com e sem sofrimento.
O que é certo
É que gosto muito
De todos os dias acordar.

Estoril, 25 de Maio de 2003
Francisco da Renda


A.LILY DELGADO

Aiuê Kamundongo!
Aiuê Kalú!
Aiuê Calcinha!
Foste de Dongo
P’ra ocidental Indiazinha
Aka, Soba Iazú.

Sempre foste e hás.de-ser
Angolano de pedra e cal,
A América fez-te crescer
No meio de muito sal.

Meu “irmão” e companheiro
Inventaste um Hifen
Que une o caminheiro
Que não furou o Himen.

Estoril,14 de Junho de 2004
Francisco da Renda


ABSTRACTO

O tempo avança e mudam-se os conceitos,
Casamentos do mesmo sexo com filhos
À mistura e crianças com armas nos trilhos
Da guerra (futuros seres humanos desfeitos).

Chuva no Verão arrasando com inundações
Seca no Inverno queimando as reservas
Países e Povos irmãos aos trambolhões
Construções erradas em cima das ervas.

O que era vago, irreal e inatingível
Como os papagaios com cabeça de potros
Tornou-se palpável, concreto e inteligível.

Não há muito tempo tudo isto era abstracto,
Confuso, longínquo e só acontecia a outros,
Hoje está presente e é lei sem artefacto.

Estoril, 22 de Março de 2005
Francisco da Renda

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Volume I

25 DE DEZEMBRO

Neste dia em que nasceu o Menino Jesus
Convencionou-se ser um dia especial.
Minha alma inquieta colocou um capuz
Olvidando a miséria e o lamaçal

Que todos os dias cheiro e sinto
Penetrando e rasgando os meus poros.
Não sei mesmo porque tanto minto
Quando sou forçado a carregar os toros.

Todos os anos prometo, quando abro as prendas
Que Natal é todos os dias, quando faço oferendas.
Consigo até lacrimejar!

Não sei, se pela humana hipocrisia
Ou se pela divina alegria.
Oh! Quem me dera poder mudar!

Estoril, 21 de Dezembro de 2004

Francisco da Renda


À BEIRA

Estou perto
Estou à beira,
Do que está certo?
Lá vou eu pela eira,

Sempre a subir
Sempre com esperança
Continuo a ouvir
A minha lembrança.

Também há a Beira
No mapa de Portugal,
Por mais que eu queira
Apesar de certeira,
Não vejo onde está o mal.

À beira, isto é, no limite
Sempre a bordejar,
Por mais que se imite
A linda estalactite,
Estou sempre a beijar.

O quê? De que maneira?
Tudo ou nada,
Mas sempre à beira
Mesmo com uma peneira
Eu, só vejo a manada.

No limite, nasci
Se calhar, já morri.
Adoro ouvir o “Mi”
Apesar do que li.
À beira vou estar
Embora com pesar.

Estoril, 30 de Julho de 2003

Francisco da Renda



À ESPERA

Estás sempre à espera! Que faça chuva,
Que neve, que isto ou aquilo desapareça.
Mas não acontece nada. Se comes a uva
É claro que esperas que a fome esmoreça,

Se não dizes a alguém que a amas
Nunca irá saber o teu sentimento
E se trancares a vontade, não levantas
Jamais a âncora do teu sofrimento.

Mas tu gostas de esperar, senão mudarias,
Não mudas porque gostas de observar
Lenta e serenamente e não entregarias

Ao pássaro que contemplas ao longe,
A tua preguiça de conjugar o verbo amar.
Um conselho: enquanto esperas, come funge.

Estoril, 31 de Março de 2005

Francisco da Renda

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Volume I

Os «Versos de quem não se sente Poeta é constituído por 6 Volumes (por enquanto). Vou começar a colocá-los aqui ao sabor da disposição começando pelo Volume I.

11 DE NOVEMBRO

Data que carrega no seu ombro
Muitas “estórias” e alguma História
Que arquivará os factos dum escombro
Que eu quero que não fique na memória.

O que vale é que se comemora
Com doces castanhas e vinho novo,
Esquecendo a vida que se detriora
Juntando-nos, até virarmos Povo

Inerte, amargo e anónimo
Sem pinta de génio homónimo.
Restam-nos as “estórias”!

Que não precisam de lenitivos e panaceias
Pois fizemos parte delas entrando-nos nas veias
À custa de amarguissímas vitórias.

Estoril, 11 de Novembro de 2004

Francisco da Renda

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Um abraço. Acabei de iniciar uma escapadela pela blogoesfera.