segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Volume I

COMPARAR

Nós, que nunca estivemos em nenhuma,
Só podemos imaginar, o que será uma cela.
Espaço pequeno, com o Sol a ser traçado por grades,
Paredes húmidas, frias e a revelar quem fuma.
Comparar quem esteve lá, seria uma mistela,
Pois foram bandidos, politicos e frades.

Os primeiros, foram lá parar
Por motivos óbvios. Os politicos, por amar
Algo de revolucionário, algo de impossível
Embora com muito de credível.

E os inocentes? Quantos estiveram lá?
Sentiram a cela, da mesma maneira
Que os frades? Só mesmo uma peneira
Destrinçava uma Sinfonia em Fá.

Como comparar, um doente que sofre
E uma doença que nos faz sofrer?
Seja ela, a que nos leva à morte
Seja ele, o que quer viver?

Sempre me imaginei na pele do outro,
Por respeito e comparação.
Só que nunca percebi, quão marôto
É este nosso pensar, com o coração.

Fica para mim registado, que comparar
É o mesmo que projectar
Nos outros, aquilo que teríamos de fazer
Para ninguém nos proteger.

Comparar o quê? E quando?
Cada um é como é, sintomático.
Mas não seria fantástico
Pensarmos, de vez em quanto?

Estoril, 24 de Maio de 2004


COMPROMISSOS

São sagrados! Pelo menos no “antigamente”.
Mas mesmo nessa altura, havia padrões
Que balizavam, o que respeitosamente
Não trespassasse as nossas convicções.

As múltiplas referências podem ser boas
Ou más. Só temos que saber escolher
Dentro das interrogações. Quais são as broas
Que nos dão um enormissímo prazer?

As minhas filhas que ensinei?
A companheira que adorei?
Ou todos o que aproveitaram?

Não me comprometo com factos,
Estou presente nos desacatos,
Mesmo os que para o qual, não me chamaram.

Estoril, 30 de Julho de 2004


COMUNICADO
(dedicado ao Fernando, após ter saído do SCP)

Quando um homem é grande
E a Instituição ainda maior,
Quem perde é a glande,
Isto é, o produto melhor

Da mistura da raíz com tudo.
Não te iludas, grande sortudo
Hoje, és o o principal
Amanhã, aparece um igual.

Amigos, estúpidos e parceiros
Para sempre. Mas, seremos companheiros
Quanto à realidade?

Aquela que nos faz, modificar,
Num momento, o realçar
Da imensa fealdade?


Estoril, 3 de Junho de 2004


francisco da renda