AS NUVENS
Umas são lindas,
Outras horrendas,
Há-as de todo o tamanho e feitio
E todas nos fazem sonhar
Em Angola e em Portugal.
Às vezes tenho mesmo vontade
De as agarrar, transformar,
Brincar e deitar-me nelas.
Não sei porquê, mas tenho a sensação
De que sonhar em cima delas
É melhor, seriam mais puros,
Mais doces, mais tranquilos.
Quando conseguir apanhar uma
E segurá-la,
Trago-a cá para baixo
E meto lá todos os meus amigos
Para sonharmos juntos!
Estoril, 19 de Abril de 2003
Francisco da Renda
AUSÊNCIA
(dedicado à Cecil)
Cecilia, por mais que queiras
Ou insistas, não estarás ausente.
A razão é simples: Tu és permanente,
Existes e tens coisas verdadeiras.
Sem te conhecermos, adoramos-te!
Principalmente a tua enorme energia,
Aquela que, por pura e simples sinergia
Consegues transmitir ao reflectir-te.
A ausência pode ser longa,
Nós sabemos. Mas aquilo que se prolonga
É a tua imagem, a tua felicidade,
A tua luta enorme e se calhar,
Sem regresso. Mas o teu batalhar
Não será ausente. Será uma verdade!
Estoril, 20 de Julho de 2004
Francisco da Renda
BACTÉRIA
Simples e linear, a todos alcança
Sem avisar e de repente, nunca se cansa.
Tudo (Seres Vivos ou não) atinge
E nem sequer finge.
És mais antiga que os Dinosáurios
E sempre resististe: mudanças de clima,
“Eras”, hecatombes ou naufrágios.
De que espécie és? Será nossa sina?
Nada nem ninguém se livra,
Negros, Brancos, Pobres, Ricos,
Inteligentes ou Analfabetos,
Até os pobres “Abetos”
E os meus amigos “Micos”,
Vai tudo por arriba.
Só te identificam ao microscópio
Porque infinitamente te pareçes,
Mas, tenazmente passas pelo antibiótico
E gozas, pois ainda te engrandeçes.
Adorava ser como tu, às vezes,
Noutras, nem penses!
Tenho-te por sobrevivente
Muito respeitosamente.
Nos teus revezes
Eu sei, que tu não sentes.
Causas muito sofrimento
Para poderes sobreviver,
Contraste maior no Firmamento
Só conheço um, o do meu sofrer.
Sentir que tenho capacidade
Para ajudar quem pede,
E não sou suficiente!
Bolas, és pior que a ruindade
Que tu demonstras, na tua sede
De seres muito paciente.
Aquilo que és (Bactéria),
É uma questão de Genética,
Rimas bem com Miséria,
É só uma questão de Fonética.
Estoril, 3 de Dezembro de 2003
Francisco da Renda
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