Quando não estou bem
Penso em agir
P’ra tentar sair
Daquilo, que se não tem.
Esqueço o meu coração
E procuro o Cérebro amigo,
Então, os que estão comigo
Onde eu for, comigo vão.
Onde não há educação, há pobreza
Que é feito da esperteza
Que nos deram ao nascer?
Vamos pô-los a aprender
Que passar fome, só por querer,
Nunca para enriquecer.
Estoril, 5 de Junho de 2003
Francisco da Renda
ADAPTAÇÃO
Um leão no polo norte
Um pinguim em S. Tomé!
Eu, armado em forte
Nunca senti tal fé.
Os mais puros, virgens e inocentes
Nunca se adaptam ao ambiente.
Por isso, são reais e valentes
Sem se enganarem. Que surpreendente?
Adaptação, não é uma palavra vã
Apesar de ser sã.
Nem todos a sentem
E muito menos a entendem,
A não ser os que compreendem
Que as palavras, vão e vêm.
Estoril,30 de Março de 2004
Francisco da Renda
AEROPORTI di ROMA
Sala de fumo. Observo rostos cansados,
A maioria tristes e os restantes assim-assim,
Asiáticos (muitos), Africanos e até bastardos
Parecidos comigo. E esta espera não tem fim.
Olhos rasgados, bocas finas, narizes aduncos
Refectindo nuns, uma alma inquieta,
Noutros, uma serenidade quase asceta
E até vislumbro alguns frúnculos.
Os cigarros, colados à boca ou presos nos dedos,
Libertam um fumo denso que não esconde os medos
Que eu vejo naquelas expressões.
Acendo mais um cigarro e já não vejo ninguém,
Terei sonhado? O fumo ainda se mantém
A fazer lembrar-me estas divagações.
Roma, 3 de Janeiro de 2005
Francisco da Renda
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